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Vivemos em um cenário cada vez mais desafiador e ainda não sabemos como será o tão falado “novo normal” depois que a pandemia do Covid-19 acabar. O que existem são sinais de mudança de perfil de consumidor que as empresas podem observar para traçar sua nova rota. Sabemos que a pandemia afetou alguns mercados mais que outros, mas a verdade é que ninguém tem a resposta exata de como voltar à ativa depois que tudo isso passar. O que podemos é analisar estes sinais de mudança de comportamento de consumo para tentar enxergar um novo caminho.
O dado que mais chama atenção neste cenário é o assustador crescimento das vendas pela Internet movidas, num primeiro momento, pelo isolamento social. O Mercado Livre, por exemplo, viveu uma alta de pedidos que chegou a 125%, com a entrega recorde de 1,4 milhão de pedidos em um só dia. O maior portal de Marketplace da América Latina viu o valor de suas ações subir mais de 80%, superando o maior banco privado do Brasil.
E a valorização do Mercado Livre é reflexo do que acontece com todo o mercado de varejo – a marca ganhou 5 milhões de novos consumidores, que agora se tornaram clientes de outras marcas também pela Internet. Mais que comprar produtos, estes usuários também estão usando mais os serviços financeiros digitais –pagamentos feitos pelo Mercado Pago aumentaram 71% no período (as transferências cresceram 66% e as recargas de celular, 21%).
O último relatório da EbitNielsen mostra que o comércio eletrônico teve um aumento de 48% nos primeiros meses de 2020 em comparação ao mesmo período do ano passado. De 1º de janeiro até 30 de abril deste ano, já foi atingido 32% do resultado de todo 2019. Líder mundial em e-commerce, a Amazon dominou no Brasil e teve um crescimento de tráfego de 56%. Em número total de acessos, a Americanas.com liderou durante os quatro primeiros meses de 2020 – o site recebeu 183 milhões de visitas entre final de janeiro e de abril, o que representa um crescimento de 37%.
Entre os e-commerces que tiveram maior crescimento de tráfego entre janeiro e abril de 2020 estão também Magazine Luiza, Extra, Marisa, Natura, Submarino e Boticário, entre outras marcas.
A mudança também está sendo percebida pelas indústrias que chegam diretamente aos seus consumidores graças ao marketplace. Chamados de “fabricante.com” dentro do universo de e-commerce, as indústrias que vendem online diretamente ao consumidor atestam crescimento neste tipo de venda nos últimos anos. Um estudo da Nielsen de 2018 mostra um aumento de 43% nos pedidos feitos diretamente pelos sites dos fabricantes, puxando o crescimento do e-commerce – vale ressaltar um aumento ainda maior nas regiões Nordeste e Sul do Brasil. Hoje, quem mais vendem online diretamente ao consumidor são os setores de eletrônicos e eletrodomésticos, seguidos por perfumaria e cosméticos e os que mais estão investindo nisso são telefonia e alimentos e bebidas.
Este cenário deve continuar depois da pandemia?
Diversas pesquisas mostram que depois de experimentarem o comércio eletrônico em novas categorias, o consumidor brasileiro está mudando seu comportamento de consumo – 70% das pessoas afirmam que pretendem continuar comprando mais online do que faziam antes da Covid-19.
Sendo assim, podemos afirmar que as empresas que conseguirem se relacionar bem com os clientes neste momento terão uma grande vantagem no pós-crise. Existe uma necessidade real e futura de se tornar mais ágil e menos burocrático. As empresas terão que apresentar ciclos menores, mais ágeis e mais frequentes de leitura de mercado, diagnóstico e tomada de decisões. Este modelo de economia criativa está sendo intensificado agora e é um grande aprendizado para as grandes empresas.
Dados da Kantar Ibope Media que mostram que 86% das pessoas querem que as empresas mostrem como podem facilitar seu dia a dia. Dados da GSM também mostram que as empresas terão que pensar cada vez mais em como garantir o bem-estar e a tranquilidade das pessoas; no pós-pandemia, as marcas terão que se preocupar em oferecer tranquilidade e bem-estar às pessoas de forma bastante rápida.
A crise trouxe 3 ações que se tornaram fundamentais no mercado:
ACELERAR, principalmente as decisões, ELIMINAR verdades estabelecidas e modelo de negócios para continuar sendo relevante e EXPERIMENTAR com foco em se tornar ágil.
Rodrigo Garcia
Especialista em Gestão de Marketplace